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Como está indo o 'plano de 100 corridas' da Alpine?

Como está indo o 'plano de 100 corridas' da Alpine?

06-04-2023 06:57 Última atualização: 07:00

GPblog.com

De acordo com Laurent Rossi, 100 corridas é tudo o que a Alpine precisa para ser competitiva na Fórmula 1 novamente. Já se foram 47, mas a equipe francesa não teve nenhum avanço significativo. Depois de Cyril Abiteboul, Rossi parece estar caindo na mesma armadilha: grandes planos, mas ainda assim os mesmos resultados.

 

Os grandes planos da Renault

Em 2016, a Renault retornou à Fórmula 1 como uma equipe de fábrica. Depois de todo o sucesso como fornecedora de motores da Red Bull Racing entre 2010 e 2013, a marca francesa queria vencer corridas novamente com seu próprio nome. A equipe enfrentou muitas críticas da Red Bull em 2014 e 2015, e seu novo motor híbrido era muito inferior aos de seus concorrentes, e os clientes da Renault deixaram isso bem claro para eles na época.

A Renault pensou que poderia se sair melhor e embarcou em uma nova jornada. Em 2016, os antigos chassis da Lotus terminaram em 9º lugar na classificação dos construtores, antes de dar o primeiro passo em direção à 6ª posição em 2017 e até mesmo um 4º lugar em 2018. O top-3 parecia ser algo bem possível, e Abiteboul também percebeu isso. Tudo o que ele achava que ainda faltava na equipe era um 'piloto estrela'. O francês então contratou Daniel Ricciardo para tentar colocar a equipe entre os três primeiros.

No entanto, um grande nome acabou não sendo tudo o que a Renault precisava. Em 2019, a equipe foi novamente superada pela McLaren e em 2020 também pela Racing Point. No entanto, nada mudou o quadro: A Renault não conseguiu avançar.

Projeto Alpine

No final de 2020, parecia que a Renault não queria se contentar com esses resultados. Sob a liderança de Luca de Meo (CEO da Renault) e Laurent Rossi (CEO da Alpine), a estrutura foi completamente reformulada. Abiteboul foi demitido, e a Alpine foi criada. O prazo para que a equipe se tornasse competitiva na categoria foi determinado: 100 Grandes Prêmios.

As fábricas de Enstone e Viry foram firmemente estabelecidas para competir com os melhores times, com Fernando Alonso, um novo de peso, sendo contratado para substituir Ricciardo. Entretanto, o resultado em 2021 foi o mesmo: 5º lugar.

2022 era o ano da verdade, já que a categoria agora tinha um novo regulamento. Na Alpine, no entanto, o ambiente estava um pouco tumultuado. Os dois chefes de equipe nomeados por Laurent Rossi, Marcin Budkowski e Davide Brivio (ainda ativos na Alpine, com um papel pouco claro) já tinham deixado o cargo e foram substituídos por Otmar Szafnauer. Pat Fry já estava ativo na Renault desde 2019, mas só foi nomeado como o novo diretor técnico no início de 2022, bem antes da nova temporada.

Apesar de todas estas mudanças, as consequência diretas na Alpine não foram tão ruins. Eles conseguiram superar a McLaren e terminaram em 4º lugar entre os construtores. Eles tinham um carro muito melhor à sua disposição, mas o motor estava longe de ser confiável. Como resultado, muitos pontos importantes foram perdidos.

Para 2023, todos esperavam que a equipe pudesse vir ainda melhor. A Alpine era claramente a 4ª força do grid em 2022, mas agora eles perderam esta posição para a Aston Martin. Cópia ou não, o time britânico tem um carro mais rápido e está fazendo o que a Alpine tem sonhado por anos: competir com os melhores times.

A Alpine está em uma situação complicada. A equipe parece ser mais forte do que todas as equipes clientes (com exceção da Aston Martin), porém está muito atrás das principais equipes que lideram o campeonato.

Na Austrália, a equipe francesa parecia ter um ritmo muito próximo da Ferrari, Aston Martin e Mercedes pela primeira vez, mas um acidente bizarro entre Gasly e Ocon jogou tudo por água abaixo.

Mais dinheiro

Se a Alpine quiser realmente se tornar uma equipe competitiva após 100 corridas ao invés de ver seus planos fracassando vez após vez, a equipe francesa precisar prestar mais atenção em suas finanças, pois ela desempenhará um papel importante em tudo isso.

A Alpine/Renault não quer gastar os mesmos valores que Mercedes, Ferrari e Red Bull gastam. Laurent Rossi declarou no podcast 'Beyond the Grid' que a diferença diminuiu por causa do teto orçamentário, mas ela ainda existe. A questão é: você consegue se aproximar das equipes de cima sem realmente fazer qualquer mudança?

Se a Alpine quer isso, ela precisa de algo especial. Szafnauer é a pessoa certa para ser o chefe da equipe? Pat Fry é a pessoa certa para ser o diretor técnico? A resposta a essas perguntas parece ser 'não', então não é surpresa que a Alpine esteja presa atrás das melhores equipes.

A Aston Martin está mostrando que subir de nível é realmente possível. Liderado por Lawrence Stroll, a equipe colocou muito dinheiro na fábrica, e com Fernando Alonso, eles têm um piloto que pode fazer algo diferente com um carro rápido. Similarmente, a Mercedes fez a mesma coisa no passado com o Toto Wolff. Na época, ele argumentou para a gerência que se eles quisessem competir pelos títulos, eles precisariam de mais dinheiro. Esse dinheiro veio com Wolff como chefe de equipe em 2013, e todos já sabem qual foi o resultado em 2014.

Com ou sem um teto orçamentário, os investimentos de uma equipe de F1 continuam sendo essenciais para proporcionar o melhor desempenho. A Alpine investe, mas não na medida em que as equipes de topo o fazem. Portanto, não é surpresa que eles continuem presos atrás desses times.

Parece simples, mas se a Alpine realmente quiser dar o próximo passo, mais dinheiro terá que ser disponibilizado. Com esse dinheiro, a fábrica precisa ser transformada, mas também precisa trazer um "fator X", especialmente em termos de pilotos. Se a Renault não quiser fazer esses investimentos, ela terá que ajustar suas ambições. Desta forma, você pode esperar mais 1.000 corridas antes que um título mundial apareça.