Russell vence Hamilton (novamente): Uma era acabou?

Demorou até novembro para que a Mercedes finalmente comemorasse aquela primeira e cobiçada vitória da temporada. Não foi Lewis Hamilton, mas seu jovem companheiro de equipe George Russell quem subiu no lugar mais alto do pódio aqui no Brasil. Russell, além disso, está à frente do sete vezes campeão mundial na classificação do campeonato. Isso levanta uma questão: a era Hamilton acabou?

As felicitações foram sinceras. Enquanto Russell terminava a volta pós-corrida em lágrimas, Hamilton falou pelo rádio sobre um "ótimo resultado para a equipe" e parabenizou calorosamente Russell. Não houve um pingo de cinismo em suas palavras, embora Hamilton teria adorado estar de volta ao topo do pódio ele mesmo. O recordista em títulos na F1 junto com Michael Schumacher percebeu que havia sido derrotado por Russell, que conseguiu uma vitória bastante convincente.

Superado?

Se Hamilton quiser vencer nesta temporada, ele terá que fazer isso em Abu Dhabi. Se ele não conseguir a vitória, será a primeira vez em sua carreira que termina uma temporada sem vencer. Olhando puramente para as estatísticas acima mencionadas, é óbvio pensar que Hamilton - agora com 37 anos de idade - foi superado por seu compatriota.

Porém, qualquer um que mergulhar mais fundo nos números verá que eles não são tão ruins assim. Hamilton não parece ter perdido tanto de sua habitual velocidade, especialmente durante a classificação. No duelo entre ele e Russell, Hamilton está na frente por um placar de 12-9. Além disso, até o México inclusive, Hamilton foi, em média, mais rápido que Russell, embora fosse apenas 0,039 segundo (contando apenas em pistas secas e, portanto, em condições de igualdade). Assim, o fato de Russell ter sido cerca de dois décimos mais rápido que Hamilton em Interlagos foi um pouco surpreendente.

No mesmo nível

Russell terminou à frente de Hamilton 10 vezes este ano, enquanto que o heptacampeão venceu seu companheiro de equipe 9 vezes (sem contar os abandonos). Então, novamente, os dois estão no mesmo ritmo. Resumindo, Hamilton e Russell estão muito equilibrados em um carro que foi melhorando cada vez mais durante o ano. O carro parece se adequar cada vez mais a Hamilton, que teve mais dificuldades para se adaptar ao porpoising no início da temporada do que seu companheiro de equipe.

Além disso, vamos ser honestos: se não tivesse chovido durante o Q3 na última sexta-feira, Russell provavelmente não teria ganho a corrida. Ele acabou saindo da pista durante a sessão, o que causou uma bandeira vermelha. Minutos preciosos foram perdidos para retirar seu carro, quando a pista ainda estava mais seca. No momento em que a classificação foi reiniciada, choveu bastante. Sem chuva, é quase certo que os outros pilotos teriam conseguido superar o tempo do britânico.

Super talento

Largando da terceira posição, Russell conseguiu vencer a corrida sprint, garantindo a primeira posição na largada da corrida de domingo. Logo atrás dele estava Hamilton, que perdeu várias posições nas primeiras voltas depois de um incidente com Max Verstappen. O heptacampeão então precisou fazer uma corrida de recuperação, e conseguiu chegar na segunda posição. O seu ritmo de corrida e o tempo que ele acabou perdendo com o incidente, mostram que Hamilton seria totalmente capaz de vencer Russell se não tivesse sido prejudicado.

Mas, o "se" não conta no esporte, pois o importante são os fatos. O fato é que Hamilton ficou em segundo lugar e Russell ganhou. Sem dúvida que a primeira vitória tirou um peso de seus ombros. Mas George Russell é George Russell. Um bom piloto. Um piloto de ponta, talvez. Só o tempo vai dizer se ele será tão excepcional como Hamilton ou Alonso, por exemplo.

De volta em 2023?

Se a Mercedes conseguir colocar um carro no grid na próxima temporada que possa competir com a Red Bull, os torcedores podem esperar por uma excelente temporada. Especialmente depois de um ano desastroso como o atual, Hamilton vai querer provar que ele não "acabou". Sem dúvidas Russell terá um trabalho muito mais difícil contra o seu companheiro de equipe na próxima temporada.