A sessão de qualificação no belo Circuito de Spa-Francorchamps apresentou uma McLaren dominante à frente da Ferrari e da Red Bull, com Norris e Piastri acabando por travar a primeira fila com quase 4 décimos à frente de Leclerc em P3. O segundo setor da pista belga explorou as forças do MCL39, deixando todos os concorrentes muito atrás nessa seção. Esta vantagem vai durar na corrida? A McLaren chegou a Spa com grandes esperanças de manter o embalo da última corrida. Para provar sua superioridade, a equipe decidiu introduzir definitivamente o novo piso, que foi anteriormente testado durante o primeiro treino prático em Silverstone, em ambos os carros a partir da Bélgica, significando que esse novo componente deu os resultados esperados.
O novo piso mostra um design diferente na área da beira do piso, que foi completamente redesenhado para trabalhar em sinergia com as mudanças feitas sob o próprio piso. O principal objetivo é produzir mais "carga eficiente", ou seja, downforce a um baixo custo de arrasto, melhorando ainda mais o MCL39 através de curvas de média e alta velocidade.
Devido à única sessão de prática de 1 hora, a McLaren também montou em ambos os carros uma nova asa traseira, projetada para circuitos de downforce extremamente baixos, como Spa, Monza e Las Vegas. O novo componente mostra um design muito semelhante ao da especificação de baixo downforce, mas possui mainplane com uma corda muito mais curta, principalmente para reduzir o arrasto.
Ambos esses componentes pareciam estar funcionando perfeitamente desde as primeiras voltas no FP1, onde Piastri e Norris marcaram tempos competitivos no pneu duro. O grande choque veio assim que a dupla Papaya montou o pneu com anel vermelho, com Piastri marcando um setor intermediário quase 0,8 mais rápido que todos os outros.
A prova definitiva de que a configuração escolhida era a correta foi durante a qualificação: Norris conseguiu a pole com uma margem de 0.388 segundos à frente de
Charles Leclerc em P3, demonstrando sua superioridade no majestoso circuito.
A única desvantagem para a McLaren pode ser a configuração escolhida: em comparação com a Red Bull, a equipe de Andrea Stella decidiu apostar em uma configuração de downforce um pouco mais alta, ganhando maciçamente no setor intermediário (onde há a maioria das curvas de média e alta velocidade) mas perdendo 4/5 kph nas retas em comparação com Verstappen durante a qualificação do Sprint.
Isso pode jogar contra a equipe se a corrida de domingo for seca, mas, pelo que foi possível apreciar na sexta e sábado, a escolha da configuração compensou completamente, apesar de uma ultrapassagem na primeira volta do Sprint que relegou Piastri ao P2. O cenário no domingo pode ser diferente, principalmente devido às condições úmidas esperadas, que poderiam explorar o perfeito gerenciamento de temperatura dos pneus do MCL39, como aconteceu em Silverstone.
Red Bull com toneladas de atualizações
Seguindo para analisar a sexta-feira da Red Bull, a equipe trouxe um grande pacote de atualizações em Spa, que incluía uma nova asa dianteira, nova entrada de refrigeração e carenagens de suspensão dianteira revisadas, todas feitas para trabalhar em sinergia com as
atualizações já trazidas durante os últimos dois fins de semana.
A equipe decidiu usar o mesmo aerofólio traseiro que já adotou em Silverstone, mesmo que aquele design se ajuste melhor ao layout de Spa-Francorchamps do que fez com o britânico. Além disso, uma capa de motor menor também apareceu, principalmente para se adequar melhor às condições mais frias do fim de semana.
Apesar da enorme variedade de atualizações, o RB21 parecia um pouco nervoso no FP1: Verstappen reclamou de um carro muito lento no segundo setor, onde estava perdendo muito tempo de volta em comparação com a McLaren. A equipe provavelmente decidiu adotar uma configuração descarregada para a primeira prática, fazendo do carro uma nave espacial nos setores 1 e 3, mas o fazendo perder quase um segundo no sinuoso setor 2.
Para equilibrar o carro, a equipe decidiu adicionar um pouco de pressão aerodinâmica das asas, mudando o aerofólio dianteiro de Verstappen para um de downforce um pouco mais alto, reduzindo o subesterço enfadonho e equilibrando o carro um pouco mais entre os três setores, como aconteceu na qualificação.
A diferença acusada por Verstappen na qualificação do Sprint mostrou que a Red Bull ainda tem muito trabalho a fazer para alcançar a equipe de Woking, especialmente depois de ver a diferença numa pista que deveria se adequar melhor ao RB21.
Outro aspecto preocupante é que a Red Bull trouxe muito mais atualizações do que a McLaren durante esta primeira metade da temporada e, apesar de algumas vitórias em layouts favoráveis (como Imola e Suzuka), quase não houve competição contra o MCL39. Isso prova que o carro Papaya não usa um "truque especial" para ser o mais rápido, mas simplesmente tem um pacote muito mais completo (feito de aerodinâmica, chassi, suspensões, motor etc.) do que o RB21 tem.
Após a extraordinária performance no Sprint, com Verstappen sendo capaz de passar Piastri durante a primeira volta, a equipe decidiu aumentar o nível de downforce no RB21 do holandês ao montar uma asa traseira de downforce médio, principalmente para tornar o carro mais controlável nas condições úmidas esperadas para domingo.
Esta especificação de asa traseira inevitavelmente reduziu a velocidade máxima do carro nas retas e, de acordo com Verstappen, também tornou o RB21 menos equilibrado durante a qualificação, impedindo-o de lutar contra as duas McLaren.
Ferrari e Mercedes lutaram
No que diz respeito à Ferrari, a equipe de Maranello chegou a Spa com uma suspensão traseira re-projetada, após testá-la durante o dia de filmagem que aconteceu em Mugello na semana passada. Nem Leclerc nem Hamilton descreveram esses novos componentes como um "game changer", já que ambos disseram que isso não mudou muito a maneabilidade do carro.
Os resultados que a pista nos deu após um dia de ação foram exatamente os mesmos: tanto Hamilton quanto Leclerc não conseguiram acompanhar o ritmo de McLaren e Verstappen, mas estavam confortavelmente à frente dos dois Mercedes, como aconteceu nos últimos fins de semana de corrida.
O SF-25 parecia perder muito tempo de volta no setor do meio, enquanto marcava boas velocidades máximas no primeiro e terceiro setor. A equipe também trouxe duas especificações de asa traseira ligeiramente diferentes, para dar uma sensação diferente para os dois pilotos: Leclerc, que geralmente prefere um carro mais apontado, rodou com uma asa traseira de downforce baixo cortada, enquanto Hamilton adotou a mesma especificação, mas com um nolder na borda de saída, para aumentar um pouco a aderência na reta.
Este elemento não parecia ajudar durante a qualificação, já que o piloto britânico não se sentia confortável com o carro, classificando-se apenas em P16 para a corrida principal. Do outro lado da garagem, Leclerc se sentiu muito mais confiante com o SF-25, especialmente após algumas mudanças cruciais serem feitas no carro após o Sprint. Isso permitiu que o monegasco se classificasse em P3 para a corrida principal, provando também que a nova suspensão traseira deu resultados encorajadores.
Por último, mas não menos importante, a Mercedes teve um dia muito difícil em uma pista onde conquistou uma vitória no ano passado. O W16 não teve bom desempenho apesar das temperaturas mais frias, perdendo muito tempo de volta nos três setores. O principal problema para eles era que não conseguiam colocar os pneus na temperatura certa e, portanto, não conseguiam gerar aderência suficiente para ter um bom desempenho.
A demonstração clara foi que tanto Antonelli quanto Russell saíram do SQ1 e SQ2 na sexta-feira e tiveram um desempenho muito decepcionante no Sprint também. O italiano não conseguiu passar o Q1 durante a qualificação de sábado, prova do momento difícil que ele enfrenta durante as últimas corridas. Por outro lado, Russell se classificou em P6, mas nunca pareceu ter o ritmo dos carros à sua frente.
Como consequência, a Mercedes deve se concentrar em coletar dados e realmente entender o motivo dessas performances ruins durante os últimos finais de semana de corrida, principalmente para melhorar durante a segunda metade da temporada. A impressão do lado de fora parece ser que o W16 tem uma janela operacional super apertada e seu comportamento muda radicalmente dependendo das condições e do layout externo.
Esta é uma característica que também caracterizou todos os carros da Mercedes durante a era de efeito solo, prova de que a equipe sempre teve dificuldade em entender completamente essas regulamentações. O objetivo para eles será então fechar a temporada de 2025 da melhor maneira possível, ao mesmo tempo em que se concentram em 2026.