A farsa de Calvin Lo, que declarou o interesse em ter uma equipe de F1

Calvin Lo, um empresário de Hong Kong, estava interessado em entrar para a categoria principal do automobilismo com a sua própria equipe de raizes asiáticas. Com a (possível) expansão do grid da F1, ele viu uma grande oportunidade de colocar seu plano em prática. Em uma conversa com o GPblog no ano passado, nós perguntamos a ele se ele tinha conhecimento do alto investimento necessário para entrar na categoria. "O dinheiro não é o problema", disse ele na ocasião. Porém, parece que a situação agora é diferente. Calvin Lo pode até ser um homem rico, mas ainda está longe de ser aquele bilionário bem-sucedido que ele disse à mídia internacional.

Calvin Lo é um homem amável, amigável, elogioso e articulado. Depois de trocar todos os tipos de gentilezas, em uma entrevista ao GPblog em meados de 2022, ele falou apaixonadamente sobre seu imenso amor pelo automobilismo e pela Fórmula 1 em particular. Sua paixão pela categoria começou ao assistir às façanhas de Michael Schumacher quando ele ainda era criança.

Uma equipe própria de Fórmula 1 parecia ser a coisa certa para ele também. Lo explicou que, na época da entrevista, seu pessoal estava descobrindo a melhor maneira de entrar para o grid: começando sua própria equipe ou talvez comprando uma já existente como um investidor muito rico. Atualmente, diz-se que ele já é um dos investidores da Williams.

Lo se apresenta como bilionário

Todo mundo sabe que entrar na F1 exige muitas centenas de milhões. Antes da entrevista, o GPblog fez um extensa pesquisa sobre a história de Lo e, especialmente, o montante de sua riqueza, para descobrir se o empresário tinha a quantia necessária para a F1. Pouca coisa foi encontrada sobre ele, mas artigos da BBC e do Financial Times, por exemplo, continuavam destacando manchetes do tipo: Lo, à frente da empresa de seguros R.E. Lee International, é bilionário. Porém, não havia nenhuma evidência disso. O GPblog até questionou o próprio Lo sobre a sua fortuna, mas ele acabou se esquivando da pergunta e simplesmente disse: "Dinheiro não é o problema".

A revista de negócios norte-americana Forbes recebeu subitamente um convite para visitar o escritório de Lo em setembro do ano passado. De acordo com a revista, em uma conversa com um jornalista, Lo queria saber se fazia sentido abrir seus livros e mostrar à Forbes como ele era rico, apenas para ser incluído na prestigiosa lista de bilionários. Na realidade, segundo a Forbes, Lo estava tentando blefar para entrar nessa lista há dois anos. Periodicamente, a revista recebia "documentos secretos" que mostravam o quanto Lo era rico. Com base nesses documentos - diz a revista -, Lo simplesmente não era rico o bastante.

Ainda assim, curiosa com todas as publicações que continuavam a aparecer - inclusive dizendo à Forbes que ela o havia apelidado de bilionário - e com o fato de que a R.E. Lee International era pouco conhecida em Hong Kong, a revista decidiu investigar. A Forbes conversou com 40 fontes em 6 países e todas disseram o seguinte: Calvin Lo não é o homem que ele diz ser. Sim, ele é rico. Graças à empresa fundada por sua família, que vende seguros de vida, ele tem uma fortuna estimada em US$ 200 milhões.

Saiu de cena

Mas "o maior corretor de seguros de vida do mundo", com cerca de 1 bilhão em prêmios arrecadados, além de gestor de ativos com valores entre 8 e 10 bilhões de dólares - dizia um comunicado à imprensa - não era Lo com sua R.E. International. Ele também não era um investidor treinado na Universidade de Harvard que pagou US$ 1,2 bilhão pelo hotel cinco estrelas Mandarin Oriental de Taiwan em 2018. Ele também não se tornou o filantropo que criou uma fundação de caridade de US$ 250 bilhões. Lo também não foi o maior investidor e colecionador de champanhes da Ásia, nem um dos primeiros proprietários de um jato particular Gulfstream G650 na Ásia. A Forbes cita uma fonte anônima da Williams informando que ninguém de dentro da equipe conhece Lo.

Nos últimos meses, Calvin Lo saiu dos holofotes. Enquanto empresas como a Andretti-Cadillac e a Hitech Grand Prix buscaram enfaticamente a publicidade para anunciar seus planos para a F1, não houve nenhuma atualização vinda de Hong Kong. O GPblog entrou em contato com ele várias vezes nos últimos meses, mas não houve mais nenhuma resposta. Assim, seu sonho de ter sua própria equipe de Fórmula 1 parece não ter dado em nada. Provavelmente o dinheiro era um problema, afinal de contas.